07-06-2007

SECÇÃO: Sociedade

7 Jun, 08:37h

Em memória de Danny
FUNDAÇÃO VISA APOIAR DOENTES CABO-VERDIANOS EVACUADOS PARA TRATAMENTO

Grace Beatriz conta: “durante o ano em que acompanhei o Danny no Instituto de Oncologia de Lisboa, vi muita solidão, sofrimento e angustia dos doentes, muitos dos quais, crianças com Leucemia. Fiquei a saber, no ano passado, que estão cerca de 300 doentes cabo-verdianos em Portugal. A grande maioria são doentes Oncológicos (doentes com cancro) e Insuficientes Renais Crónicos Terminais (doentes em hemodiálise), que vivem em situações precárias e pouco dignas, em Pensões e Hospitais Portugueses. Em Outubro do ano passado tive a oportunidade de conhecer ‘Pensão 25 de Abril’, onde vivem mais de 40 doentes cabo-verdianos. Infelizmente, só consegui falar com alguns e fiquei com os seus contactos. Soube que a Embaixada de Cabo Verde paga-lhes o quarto (com 2/3 camas) e 60 Euros mensais para o alimento, vestuário, transporte e produtos de higiene. Não é difícil imaginar a insignificância da quantia em causa”.

Praia, 7 Junho – Foi criada uma Fundação em apoio aos doentes cabo-verdianos evacuados para a Europa, em particular Portugal – traz o nome de um enfermo oncológica recentemente falecido: Danny, um caso que comoveu os cabo-verdianos no País e na Diáspora. Como nasceu a Fundação, em que condições e com que propósitos, conta-nos Grace Beatriz.

Após a morte do Danny, em 2004, Grace diz ter sentido a necessidade de escrever e publicar um livro sobre a vida, sofrimento e morte de um jovem “a quem a pobreza não conseguiu tirar o sonho de ser economista, mas, uma doença grave, num país com poucos recursos médicos, negou impiedosamente o direito de lutar pela concretização dos seus sonhos”. A cabo-verdiana residente na Holanda compartilha assim a sua tristeza com outras pessoas, reduzindo a sua frustração e cumprindo “o dever cívico de lutar e contribuir para que o sofrimento dos nossos doentes evacuados para o exterior seja minimizado”.

Para já, refere Grace Beatriz, “do convívio com o Danny nasceu um desejo que, irremediavelmente, se transformou num compromisso: criar uma Fundação que apoie os doentes cabo-verdianos, evacuados para Portugal”. E Grace conta: “durante o ano em que acompanhei o Danny no Instituto de Oncologia de Lisboa, vi muita solidão, sofrimento e angustia dos doentes, muitos dos quais, crianças com Leucemia. Fiquei a saber, no ano passado, que estão cerca de 300 doentes cabo-verdianos em Portugal. A grande maioria são doentes Oncológicos (doentes com cancro) e Insuficientes Renais Crónicos Terminais (doentes em hemodiálise), que vivem em situações precárias e pouco dignas, em Pensões e Hospitais Portugueses. Em Outubro do ano passado tive a oportunidade de conhecer ‘Pensão 25 de Abril’, onde vivem mais de 40 doentes cabo-verdianos. Infelizmente, só consegui falar com alguns e fiquei com os seus contactos. Soube que a Embaixada de Cabo Verde paga-lhes o quarto (com 2/3 camas) e 60 Euros mensais para o alimento, vestuário, transporte e produtos de higiene. Não é difícil imaginar a insignificância da quantia em causa”.

Grace Beatriz cita casos: “o de Maria do Nascimento, mãe de 6 filhos, todos em Cabo Verde, recorda com nostalgia a sua vida de vendedora de cuscuz. Sozinha sustentava os filhos que ainda estudam no Liceu. Há um ano em Lisboa, Maria do Nascimento tem o cancro espalhado pela coluna (disseminação óssea) e, embora disfarçadamente, deixa transparecer uma certa incerteza em relação à cura. O que será dos meus meninos, pergunta, permitindo que duas grossas lágrimas deslizem pela cara a baixo”. Ou o de algumas crianças com cancro que são acompanhadas pela mãe ou pelo pai, os quais são obrigados a abandonar o resto do agregado familiar em Cabo Verde.

Foi a pensar nestes exemplos e com o propósito de contribuir para que os cabo-verdianos evacuados em tratamento, vítimas de doenças graves, tenham melhores instalações, melhor alimentação e melhor conforto, que se constitui a Fundação Danny. Um dos seus objectivos é o financiamento de um Lar onde eles possam beneficiar do conforto e de um mínimo de dignidade.

A Fundação Danny já conta com apoios: o do Dr. Frederico Sanches, Internista do Serviço de Oncologia de um hospital português, e o de Andredina, cabo-verdiana que vive em Portugal, co-fundadora da FASCP (Fundo de Apoio a Cabo-verdianos em Portugal). E porque precisa de donativos (propõe-se aumentar os dois Euros/dia oferecidos pela Embaixada e proporcionar aos doentes alguns momentos de lazer e de convívio), a Fundação Danny abriu conta na Holanda: número do banco – 5185695 (Postbank), em nome da Stichting Dany Foundation (Haarlem, Holanda); IBAN – NL 19 PSTB 0005 1856 95; BIC – PSTBNL21.

Comentários dos nossos leitores

Dave
Gostei: Muito
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Comentário: “muito bom o trabalho da Grace!!”

Bento Santos
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Comentário: “Gracy, o teu exemplo devia ser seguido por muitos Caboverdianos espalhados por esse mundo fora. Infelizmente, porém, são poucas pessoas que se preocupam com situações indignas e precárias do seu semelhante! Que a “tua” FUNDAÇÃO DANNY seja coroada de êxito e que todos os Caboverdianos tanto na diáspora como aqui em Cabo Verde te ajudam a concretizar e vincar esta tua iniciativa LOUVÁVEL. Um abraço fraternal.”

Egas Lopes
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Comentário: “Quem conhece a tal pensão 25 de Abril, não dorme noites seguidas. Uma miséria. De férias em Portugal, fui visitar doentes e levar principalmente roupas de inverno conseguida através de familiares. Lembro-me da Tchicau, uma salense que vegetou naquela pensão, lembro de a encontrar no seu “quarto”? de cara para a parede. Ficou anos em Portugal, na miséria que Cabo Verde lhe impôs, e voltou a Cabo Verde para dois meses depois morrer com dignidade dentro da sua propria casa. Terá valido a pena passar anos em Portugal, passando fome, sem água quente em pleno inverno, sem 1 fogão em condições para cozinhar?Gostaria de saber se quando os Srs. Ministros e os seus amigos adoecem, em que Hotel ficam em Lisboa? Tempos idos, até iam de férias para Cuba sob a capa de doentes para tratamento.”

Frederico sanches
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Comentário: “É preciso pensar com seriedade neste assunto. Quando, que doentes,e em que condições evacua-los para Portugal. Continuo a afirmar que nós médicos cabo-verdianos em Portugal, podemos ter um papel importante nesta tarefa. Para quem de direito envio a seguinte pergunta: Para quando um encontro entre a junta médica de cabo verde, a embaixada de cabo verde em Lisboa e nós médicos Cabo Verdianos em Portugal para que todos juntos e sem complexo pensemos numa forma de aliviar o sofrimento dos doentes? Admiro a Grace porque enqunto os outros falam, ela tenta fazer algo. O caminho vai ser difícil de percorrer, amiga, mas, pelo menos, tu tentastes. Sabes que podes contar com o minha modesta colaboração.”

Edelfride Barbosa Almeida
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Comentário: “Parabens Grace Gostaria de ter o contacto da Sra Grace , pois ja tinha lancado esta ideia quando recebi uns e mail sobre a una menina de 10 anos q esta precisando de doador compativel. Forca Bem haja.”

Isabel Gomes
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Comentário: “Uma ideia louvável que, na minha opinião, devia estender os seus “braços” a Cabo Verde. Quando uma Fundação é séria, todos nós queremos participar. Eu pessoalmente acho que, se todos os Cabo-verdianos residente no país, cooperassem com uma quantia módica mensal, mesmo que 100$00, senão vejamos, são 100$00 que não faz falta a muitos e que multiplicados por “esses muitos”, daria uma quantia para lá de boa, para os nossos que têm de viver lá fora por motivos de saúde muito graves. Viva Graça e todos os que a apoiaram e continuam a apoiar. Aguardo a indicação de uma Conta Bancária domiciliada em algum Banco de Cabo Verde, para a minha participação.”

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